"Então, que seja doce. Repito todas as manhãs, ao abrir as janelas para deixar entrar o sol ou o cinza dos dias, bem assim: que seja doce. Quando há sol, esse sol bate na minha cara amassada do sono ou da insônia, contemplando as partículas de poeira soltas no ar, feito um pequeno universo. Repito sete vezes para dar sorte: que seja doce que seja doce que seja doce e assim por diante (...) Mas, se alguém me perguntasse o que deverá ser doce, talvez não saiba responder." Caio F. Abreu
sábado, 16 de fevereiro de 2013
A noite em que Vinícius veio visitá-la
Ele começou a sussurrar em sua voz embriagada:
"E é doce naufragar neste mar..."
Era somente pra ela que falava.
Era somente ela que ouvia.
A lua branca a vestia
e eram dele - e não dela -
os lentos dedos loucos que passeavam em seu corpo
a buscá-la a si.
A face, olhos fechados,
não era triste
era contentamento
por estar ali.
Ele a tinha em garras.
(Ela se tinha em garras).
"E ouço no tato
Acelerar-se-me o sangue
Na arritmia que faz meu corpo vil
Querer teu corpo moço
E te amo, e te amo, e te amo..."
E no toque exato
mulher, expandiu-se
e foi Atlântida!
No silencio
foi oceano!
Estremeceu sem dizer nada,
se teve enfim
e deu-se, indissolúvel, aquele de voz molhada.
"E depois de muito mar,
E muito amor,
Emergindo de ti...
Ah, que silêncio pousa,
Ah, que tristeza cai..."
E emergindo de si,
um pranto profundo feito seus rios
a tomou feito vômito
E chorou choro de êxtase,
de amor por ele,
que veio visitá-la.
P.s.: os trechos entre aspas são do poema "O Mergulhador", dele, Vinícius de Moraes.
quarta-feira, 16 de janeiro de 2013
Toda: não
"Você é a pessoa mais doida que eu conheço".
Se faz de mergulhador
e dá de ir cada vez mais fundo
no rio dourado. É profundo,
mas não tem medo
e mesmo sem tubo de oxigênio
cada vez mais nada, nada, nada.
E não. Nada.
"É pra se ter medo mesmo".
Não conto, mas você sabe.
Sente e
nunca mente.
Eu minto
- pra mim -
e você não acredita.
Muita ousadia
conhecer o outro mais do que ele mesmo.
Um "eu quero você" e eu corro
de desejo
Um "eu vou gritar" e eu morro
de medo.
O livro da morte
incita e obriga que eu viva
que esteja ao seu lado e nada diga.
E eu toda:
não.
Se faz de mergulhador
e dá de ir cada vez mais fundo
no rio dourado. É profundo,
mas não tem medo
e mesmo sem tubo de oxigênio
cada vez mais nada, nada, nada.
E não. Nada.
"É pra se ter medo mesmo".
Não conto, mas você sabe.
Sente e
nunca mente.
Eu minto
- pra mim -
e você não acredita.
Muita ousadia
conhecer o outro mais do que ele mesmo.
Um "eu quero você" e eu corro
de desejo
Um "eu vou gritar" e eu morro
de medo.
O livro da morte
incita e obriga que eu viva
que esteja ao seu lado e nada diga.
E eu toda:
não.
Assinar:
Postagens (Atom)