quinta-feira, 12 de novembro de 2009

Sobre um véu, versos mudos e rodopios


Leveza de ser levado por um som. Sem sentir-se. Só se deixar levar. Especial. Pés num compasso ritmado. Volitavam. Os pés, alados. Papapapapapa. Entre os panos do véu, no rodopio, pode então ver. Olhos se tornam bolas de fogo prestes a sair queimando por aí. E a vestimenta parece inútil, pois cada um podia ser apenas luz. Vestidos de luz. E ela aceita o “sair queimando por aí” e enfrenta o fogo. Transpassando pensamentos, trocaram versos mudos que se encontrariam mais pra frente, sabe-se lá onde. A areia de uma praia distante, que acarinha os pés e machuca os olhos. Que entender de tudo e nada? Por um momento deixar de ouvir aquele som. Sem sentir-se ainda. Se deixando levar por algo tanto inexplicável que só depois de 5 minutos se percebeu meio bambeando no meio daquela roda. Se desfazer toda em água, jorrar, encharcá-lo, penetrar em pele, poros, sangue. Sê-lo. Volta a rodopiar. No entre-véu, jura que viu vazar de tão grande, a alma linda que possuía. Ninguém mais viu. Mas ela podia enxergá-lo até no escuro. Prefere acreditar que foi só pra ela e guardou tudo num baú de dentro.

Larissa Fontes


Ao som de '"Então ficamos, minha alma e eu, olhando o corpo teu sem entender como é que alma entra nessa história, afinal o amor é tão carnal." do Zeca Baleiro.