segunda-feira, 15 de junho de 2009

Se só, ou se mar


Caminho sem saber e sem pensar. Uma estrada esburacada, mas bonita. Canteiros de um verde escuro e galhinhos marrons, dando um tom meio sépia à paisagem. Era aí que tudo se passava. Tudo bem sereno. Não sabia se era só. Tinha ela bem do lado, mas às vezes ela ficava meio distante, como se não estivesse ali. Sensação de não saber mesmo. De não pensar. Mas já imerso em um turbilhão de pensamentos. Quando um sentia o calcanhar doer de tanto andar, paravam e sentavam na beira da estrada mesmo. Olhavam o nada acontecer e só sentiam. Sentiam o nada acontecer. Aconteciam, em meio ao nada. Queriam ver o mar. Mas o mar parecia estar longe dali. Não cabia azul àquelas cores. Então brincavam de imaginar o som das ondas. ‘Agora uma onda chegou e engoliu os meus pés. Eu estou deixando, estou gostando dessa sensação!’. Pareciam estar lá mesmo. Quase conseguiam pisar nas areias quentes de sol. Mas voltavam de repente a estrada esburacada, mas bonita. Canteiros de um verde escuro e galhinhos marrons, dando um tom meio sépia à paisagem. Em alguns buracos havia água. Era o máximo de mar que podiam ter. Não achavam lugar nenhum. Por que estavam ali? Pra onde iam? Não sabiam. Queriam ver o mar. Mas o mar parecia estar longe dali. Não cabia azul àquelas cores...

Larissa Fontes

'Mas eu conto com você,
pois enquanto eu não me resolver,
eu vou lá, eu vou lá, eu vou..'

Ao som de 'Teus olhos', da Ivete com o Camelo.

domingo, 14 de junho de 2009

Fui presenteada com o meu primeiro selo. Muito obrigada, Cássio. :*




Aqui vão as regras do jogo:

A pessoa selecionada deve fazer uma lista com oito coisas que gostaria de fazer antes de morrer.

É necessário que se faça uma postagem relacionando estas oito coisas e é necessário que a pessoa explique as regras do jogo.

Ao finalizar, devemos convidar oito parceiros de blogs.

Deixar um comentário para quem nos convidou.


Meus desejos:
- Construir um teatro;
- Ter uma livraria;
- Publicar um livro;
- Morar na europa;
- Viver de arte;
- Ser uma grande atriz;
- Ver uma montagem de 'Esperando Godot';
- Beber com a Narcisa Tamborideguy (HAHAHAH).


Meus indicados:

- 'Ouro de Mina', do meu querido amigo Vítor;
http://ouromina.blogspot.com/

- 'Momentos', de outra querida, Raquel;
http://minhaspequenaspalavras.blogspot.com/

- 'Minha vida em verso e prosa', de outro querido, Fábio;
http://minhavidaemversoeprosa.blogspot.com/

- 'Pés descalços', da sempre presente aqui, Tamires;
http://tamiresemcasa.blogspot.com/

- 'Em essência', da minha amiga linda, Iza;
http://umolhardebeleza.blogspot.com/

- 'Máquina de costura...', do Ricardo;
http://costurademaquina.blogspot.com/

- 'Prosopoética', do Guilherme;
http://prosopoetica.blogspot.com/

- 'Salve Jorge', desse inspirador poeta.
http://salvesalvejorge.blogspot.com/


É isso, beijo! :*

terça-feira, 2 de junho de 2009

Sobre medo de gatos, uma seta e um alvo


Ela nunca gostou de gatos. Tinha medo. Não achava-os confiáveis. 'Aqueles olhos de quem vai devorar alguém'. Como uns que ela conhecia. E sonhava com eles. Com os gatos, quero dizer. Um branco. Era um sítio, depois uma festa. Uma festa num sítio. Havia um gato branco e ele a olhava. Como se sentisse o medo que ela lhe devotava, parecia enfrentá-la, provocá-la. Ela, ingênua, não conseguia manter o olhar desviado, sempre o voltava para aquela direção. Aquilo bicho pequeno, de que forma a faria mal? 'Olha o teu tamanho, olha o dele!'. Ele ainda a enfrentava. Ela preferiu se retirar. Foi andando com uma angústia que sabia que o alimentava. Corria, subia no parquinho das crianças. Ele a seguia. Um medo agora a invadia. Pavor. Correu mais. Entrou num salão de festas, na primeira porta entrou. Antes de fechá-la, ele conseguiu entrar. Nesse pulo, acordou. Outra vez sonhou também. Uma vez era normal. Mas de novo aquele gato branco? Aquele olhar. Aqueles olhos parecidos com...
Tinha o todo. Não mais bastava só metade, como antes já tinha chegado a querer. Havia muito. Tinha tanto amor no peito, podia explodir a qualquer momento. Os labirintos não mais a faziam se perder. Tinha achado o alvo. Seu alvo. Era a seta, antes perdida, agora em seu alvo certo. Um no outro. Seta e o alvo. Juntos. Não existiam medos. Nem os gatos a afligiam mais. Quer dizer, não tenho certeza disso. Eles não são confiáveis, já disse isso. Aqueles olhos... As portas estão todas escancaradas. Outras fechadas, trancadas, lógico. Mas as que realmente podem suportar o peso do que pode passar por si, sim, essas estão abertas! E entra tanta coisa linda, leve. Uma, a mais clara de todas, dá para um caminho. Uma estrada. Flores nos canteiros. Onde vai dar? Não sei. 'Me diz qual é a graça de já saber o fim da estrada, quando se parte rumo ao nada?'.

Olhe pro infinito, tire os pés da terra, respire, perca o ar. Ame!

Larissa Fontes


Ao som de 'A Seta e o Alvo', do Paulinho Moska.