domingo, 1 de fevereiro de 2009

Sobre janelas, insetos e um mundo agora diferente


Houve um tempo em que se deixavam as janelas abertas. “Que entre toda a luz e todo o ar do mundo”. Acordava com o mundo nas costas e disposto a carregar essa carga. Porque no mundo, tinha ela. Formigas, borboletas, todos os insetos que existiam na fauna moravam em seu estômago e davam de fazer festa toda vez em que ela se punha ao alcance da sua visão. Sentia o coração pequeno e apertado enquanto caminhava em sua direção. E aquele momento era o mais onírico que tivesse memória, total “slow motion”. Vê-la vindo com aquele sorriso sem mostrar os dentes, um andar meio vago e desajeitado, sem saber onde pôr as mãos. Quando vinha o abraço de costume, a palavra ”costume” perdia o sentido.
O tempo agora é que andava em câmera lenta. As janelas não mais escancaradas, e sim emperradas por falta de uso. Todos os insetos que moravam em seu corpo, foram postos pra fora por um grande dilúvio que enchera por dentro e esborrava pelos dois pequenos e puxados olhos. No mundo, ainda tinha ela. Mas não mais em seu mundo.


Larissa Fontes

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