segunda-feira, 13 de outubro de 2008

Primeiro capítulo


- Qual seu nome?
- Lara e o teu?

Não entendeu direito, mas não ousou perguntar outra vez.

Sempre ia naquele lugar. Além da comida ótima e de bastante bonito, tinha uma energia boa. Ele sempre estava lá trabalhando. Não era o que poderíamos chamar de atraente, essa não era lá uma de suas qualidades, mas ele tinha alguma coisa que puxava o olhar dela. Olhavam-se e até trocavam um sorrisinhos educados.

Essa foi a primeira troca de palavras direta entre eles.

Ela tinha acabado de sair de um lugar que a tinha deixado mal, estava com a cabeça confusa e sem vontade de conversar. Mas até sorriu quando ele perguntou seu nome.

Ela pensou em procurá-lo pela internet, já que nela tudo se encontra. Mas chegando em casa, com a cabeça cheia, esqueceu. Outro dia, pensou nisso e resolveu tentar. Mas não sabia por onde começar. Escreveu o nome do restaurante no Google, tentando ver um nome parecido com aquele. Mas ela não tinha certeza, não havia entendido perfeitamente seu nome e resolveu que ia deixar por conta do destino.

Escrever um pedaço dessa história cada vez que encontrá-lo.

Já chegou lá pensando que ele poderia estar. Sentou-se e olhou para o balcão, onde ele costumava ficar, mas não o viu. Ficou desanimada, mas não triste. Era uma coisa boa aquilo, se ele estivesse lá, tudo bem, senão, fazer o que? Não era algo que a fizesse mal de alguma forma. Pelo contrário. Era engraçado. Ela sabia que nunca haveria nada entre eles, nem chegava a querer isso, mas aquela situação, ela sentada, com apenas alguns metros os separando e um vidro que parecia uma barreira frágil, que podia ser quebrada a qualquer momento, os dois se olhando através dela, essa situação a agradava. Se sentia alegre.

Ele chegou quando ela ainda estava de costas. Quando virou-se sem querer, o viu falando no celular. Parecia preocupado, desligou e o celular tocou novamente, dessa vez ele atravessou a rua para atender, como quem quisesse quase gritar com alguém e se afastasse pra que ninguém escutasse.

Ela o viu. Ele a viu. Nesse dia eles se viram, mas não se olharam ao mesmo tempo. Nada de sorrisos educados, nem alguma palavra trocada. Só sentiram a presença um do outro. E foi bom.

Larissa Fontes

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